sábado, junho 22, 2024

Uma tarde com o Fernando Barão e com a Selecção...


Foi bom que a exposição, "uma pequena viagem pelo mundo de Fernando Barão", recebesse a visita de vários amigos, apesar de sabermos que era tarde de jogo da Selecção...

Todos sabemos que a Cultura não pode competir com o futebol, mas o mais importante e continuarmos a não nos deixarmos condicionar demasiado pelo "opio do povo".


Mas havia tempo para tudo, para a exposição, cheia de motivos memoralistas da vida do "Barão de Cacilhas" e também para assistirmos à vitória da "Equipa de Todos Nós".

(Fotografias de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, junho 19, 2024

"uma pequena viagem pelo mundo de Fernando Barão"


É a segunda exposição que idealizo e organizo, em homenagem ao meu amigo, Fernando Barão, que fez em Janeiro 100 anos. É um pretexto natural para que se vá festejando (mesmo que de uma forma tímida...), a comemoração do seu Centenário.

Esta "Viagem ao pequeno mundo de Fernando Barão" tenta dar a conhecer, pequenos pormenores da vida deste "Renascentista da Cultura", que poderão ter escapado aos almadenses, que se interessam pela cultura e pelo associativismo.

Mesmo sendo suspeito, não tenho dúvidas que é uma mostra quase biográfica, que merece ser visitada, por todos aqueles que conheceram o Fernando Barão, e também por quem tenha curiosidade em ficar a conhecer um pouco esta grande Personalidade Cacilhense, a quem nunca ficou mal o título de "Barão de Cacilhas".

A exposição é inaugurada no próximo sábado, 22 de Junho, às 16 horas, na Sede/ Galeria da SCALA.


quarta-feira, junho 12, 2024

Talvez o Município precise de um rebanho de cabras (e de um pastor)...


Há meses que algumas ruas de Almada não são alvo de qualquer tipo de limpeza, por parte dos serviços verdes do Município.

Este é o aspecto da escadaria da Rua D. Maria da Silva, quase na rua Francisco de Andrade, em Almada.

Até pode parecer uma "montagem", mas é real. É este o conceito de urbanidade da coligação PS/ PSD, que governa Almada...

Talvez a solução mais viável seja o Município adquirir um rebanho de cabras... e um pastor, claro...

(Fotografias de Luís Eme - Almada)


sexta-feira, junho 07, 2024

Quando a sociedade civil fez a Revolução no interior dos quartéis, na "Tertúlia de Abril"


António Matos era o mais novo dos convidados (o moderador não contava...), pelo que tinha uma história pessoal para nos contar, sem grandes vivências revolucionárias. Falou da honra de estar ali com tão boa companhia e num lugar tão importante na história de Almada e dos Almadenses.

Mesmo assim andou atrás no tempo e falou do jovem adolescente que chegara da província com os país,  onde a religião tinha (e continua a ter...) um peso maior que nos grandes centros urbanos. Foi por isso que as suas primeiras acções, foram mais sociais que políticas, e tiveram o dedo do Padre Sobral. António acabou por seguir os passos dos católicos progressistas, ajudando no que era possível, como aconteceu com a luta contra o analfabetismo, um problema social sério, que era cada vez mais difícil de esconder...

Mais curioso foi o seu testemunho, dos tempos em que cumpriu o serviço militar, em Mafra, no curso de oficiais milicianos (depois de vários adiamentos até cumprir a licenciatura em engenharia), já depois da Revolução de Abril. Teve como camaradas de armas muitos dos jovens que tinham fugido da guerra e se tinham exilado em vários países da Europa. Alguns já com mais de trinta anos. A maior parte deles estava ali para legalizar a sua situação e não para cumprir as normas castrenses, pelo que se recusavam a fazer a rotina diária de um recruta, para desespero dos instrutores. Como a alimentação também não era famosa, tornaram-se famosos os seus "levantamentos de rancho" (recusa colectiva de alimentação no refeitório militar). A solução que o Exército encontrou foi dividi-los e "despromovê-los" para o curso de cabos. Como os problemas se mantiveram, acabaram por passar todos a disponibilidade como "praças rasas"...

Pois é. Os militares tinham feito a revolução fora dos quartéis e não estavam à espera que a "sociedade civil" fizesse a sua revolução no interior dos quartéis...

Mais um bom apontamento histórico.

(Fotografia de Alfredo Cunha)


quarta-feira, junho 05, 2024

A história da resistência associativa e operária na "Tertúlia de Abril"...


O testemunho mais real - e mais sentido - da Tertúlia de Abril" da Incrível, foi o de Mário Araújo. Mário falou da sua vida difícil, do lar pobre onde nasceu, da obrigatoriedade, por isso mesmo, de com dez, onze anos de idade, ter de ir trabalhar para ajudar a família, por muito que o professor insistisse com os pais que ele deveria continuar... Não era possível, não se podiam dar a esse luxo...

Crescer num mundo com tantas injustiças tornou-o Comunista. Como ele é um "Homem Colectivo" (escrevi um poema sobre ele com este título...), e sempre pensou nos outros, rapidamente se tornou um resistente activo. Começou a trabalhar para o Partido, dentro das colectividades e das fábricas. Recordou as "Escolas do Desportivo da Cova da Piedade" e o Gomercindo de Carvalho, todo o trabalho extraordinário que foi feito ao nível do ensino e também na consciencialização política. E claro, do João Raimundo, a grande referência da luta operária da Cova da Piedade.

Como é normal nestas coisas, acabou preso...

O mais curioso, é o Mário falar mais do muito que aprendeu dentro das prisões fascistas (Caxias e Peniche), que do que sofreu. E não quer esquecer, nunca, tudo o que viveu.

Depois na segunda ronda, falou da URAP (União dos Resistentes Antifascistas Portugueses), do contacto e da amizade com os Tarrafalistas, estes sim, os grandes resistentes do Salazarismo, que sofreram coisas inimagináveis em Cabo Verde, que era mesmo um "Campo de Morte Lenta". E também na sua importância nas escolas, no contacto com alunos e professores, para que não se "apague a memória"...

(Fotografia antiga do Caramujo, a grande zona industrial da Cova da Piedade)


domingo, junho 02, 2024

O Cerco à Assembleia da República de 12 de Novembro de 1975 na "Tertúlia de Abril"


Na sua intervenção na "Tertúlia de Abril" da Incrível (28 de Maio), José Manuel Maia além de referir o seu percurso profissional - de como tudo começou e até onde chegou -, falou-nos do espanto que sentiu, depois de ser eleito para a Assembleia Constituinte, quando entrou pela primeira vez, nesta grande casa da nossa democracia.

Como são cada vez menos as pessoas capazes de falar em público das suas fragilidades e inseguranças, isso ainda torna mais relevante o testemunho de Maia, que também nos falou da sua "paralisia momentânea", quando foi convidado a deslocar-se para a Mesa da Assembleia da República, para exercer as suas funções de secretário (quase obrigado pelo seu Partido...) e usar da palavra pela primeira vez. Foi salvo pelo ligeiro empurrão de um camarada, que o fez seguir em frente, para cumprir o seu papel com grande dignidade durante este mandato inicial da história da nossa democracia.

Não menos importante foi o seu testemunho sobre o "cerco" à Assembleia da República, promovido pelos sindicatos ligados à construção civil no dia 12 de Novembro de 1975.  Mais de 100.000 trabalhadores impediram a saída dos deputados e do primeiro-ministro Pinheiro de Azevedo, da Assembleia da República e do Palácio de São Bento, durante 36 horas. E de como uma manifestação de reinvindicações sobre o contrato colectivo de trabalho de uma actividade profissional ganhou importância política, ao ponto de ser usada por Mário Soares e pelo PS, para acelerar a contestação à esquerda e extrema-esquerda, que irá atingir o seu epilogo no dia 25 de Novembro, com a acção militar do "grupo dos nove", que alterará profundamente o rumo político do País.

(Fotografia do Arquivo da Assembleia da República)