domingo, junho 02, 2024

O Cerco à Assembleia da República de 12 de Novembro de 1975 na "Tertúlia de Abril"


Na sua intervenção na "Tertúlia de Abril" da Incrível (28 de Maio), José Manuel Maia além de referir o seu percurso profissional - de como tudo começou e até onde chegou -, falou-nos do espanto que sentiu, depois de ser eleito para a Assembleia Constituinte, quando entrou pela primeira vez, nesta grande casa da nossa democracia.

Como são cada vez menos as pessoas capazes de falar em público das suas fragilidades e inseguranças, isso ainda torna mais relevante o testemunho de Maia, que também nos falou da sua "paralisia momentânea", quando foi convidado a deslocar-se para a Mesa da Assembleia da República, para exercer as suas funções de secretário (quase obrigado pelo seu Partido...) e usar da palavra pela primeira vez. Foi salvo pelo ligeiro empurrão de um camarada, que o fez seguir em frente, para cumprir o seu papel com grande dignidade durante este mandato inicial da história da nossa democracia.

Não menos importante foi o seu testemunho sobre o "cerco" à Assembleia da República, promovido pelos sindicatos ligados à construção civil no dia 12 de Novembro de 1975.  Mais de 100.000 trabalhadores impediram a saída dos deputados e do primeiro-ministro Pinheiro de Azevedo, da Assembleia da República e do Palácio de São Bento, durante 36 horas. E de como uma manifestação de reinvindicações sobre o contrato colectivo de trabalho de uma actividade profissional ganhou importância política, ao ponto de ser usada por Mário Soares e pelo PS, para acelerar a contestação à esquerda e extrema-esquerda, que irá atingir o seu epilogo no dia 25 de Novembro, com a acção militar do "grupo dos nove", que alterará profundamente o rumo político do País.

(Fotografia do Arquivo da Assembleia da República)


2 comentários:

Rosa dos Ventos disse...

E vem daqui a célebre tirada de Pinheiro de Azevedo:
- Chateia-me ser sequestrado!

Abraço

Rosa dos Ventos disse...

Ouvi em diecto na TV.