Crescemos muito, felizmente. Onde se notam mais diferenças é na saúde, na educação e na habitação (mesmo que ainda existiam lacunas...), que passaram praticamente a ser um direito de todos nós.
Claro que cada Terra tem as suas especificidades. Almada, por exemplo, sempre foi um concelho muito singular. E foi por causa dessas singularidades, que a liberdade e a democracia não lhe trouxe apenas coisas boas.
Há dois sectores, que pela importância que tinham na comunidade local, acabaram por ser as grandes vítimas do progresso: a Indústria Naval e o Associativismo.
Os pequenos estaleiros, como nunca se tinham modernizado, foram fechando, por falta de trabalho e também pelo aumento da despesa em salários (o fim da exploração dos trabalhadores trouxe tudo a nu...). A Lisnave, apesar da sua grandiosidade, também nunca deixou de estar em "crise" (mesmo que muitas vezes fosse uma crise artificial, provocada pela má gestão empresarial, que até se deu ao luxo de recusar encomendas de trabalho...). Estes encerramentos na indústria provocaram um vazio, que nunca foi colmatado no Concelho.
O Associativismo também acabou por ser "vítima" da democracia, porque foi perdendo a sua auto suficiência e independência, devido à melhoria das condições de vida dos habitantes do Concelho. O primeiro revés aconteceu com o fim do "monopólio" da projecção de filmes (as salas de cinema que existiam em Almada pertenciam todas a Colectividades e era a sua grande fonte de receitas). O 25 de Abril também deu a possibilidade a quase todas as pessoas de terem televisão e puderem contruir a sua biblioteca pessoal. Ou seja, a melhoria da qualidade de vida das pessoas, acabou por ir "esvaziando", de uma forma natural, a importância das Associações, culturais e recreativas, no dia a dia dos almadenses...
(Fotografia de Luís Eme - Almada)
2 comentários:
Caro, Luís Eme, subscrevo na generalidade o seu post, mas permita-me referir o seguinte: creio que o fim da actividade naval em Almada, exercida pela Lisnave, esteve longe de ter sido, fundamentalmente, por razões de deficiente gestão desta empresa. O que aconteceu foi uma estratégia de operaracionalidade da Lisnave que se fundamentou pela deslocalização da sua actividade para Setúbal, onde continua, desde o ano 2000, a contribuir para a imagem internacional da indústria portuguesa. Um abraço.
é uma pena quando aquilo que faz falta acaba de vez ou aos poucos. Mas concordo que, nestes 48 anos, muita coisa melhorou. Torço para que tudo continue a melhorar.
Uma boa semana com muita saúde, meu Amigo Luís.
Um abraço.
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