Morava em Almada há meses, sem qualquer referência familiar, associativa ou cultural, nesta cidade. Era um quase perfeito "anónimo".
Claro que não vim morar para esta Cidade, apenas porque sim. Tinha feito 25 anos e queria "fixar-me", ter o meu canto. Os meus pais, mesmo à distância de cem quilómetros, apoiaram-me de imediato.
Por razões profissionais a Margem Sul era uma boa opção, mas não podia ficar muito longe da Capital... Sabia que não queria ir viver para a Cruz de Pau ou para o Miratejo, por exemplo. Depois de ter visto duas ou três casas, levaram-me pela primeira vez à Quinta da Alegria. Gostei logo do lugar, daquela encosta virada para o Rio (nem pensei nos inconvenientes da Lisnave, que ficava em frente...).
Depois, já no interior do apartamento, que ainda estava em construção, fiquei maravilhado com a vista da janela da sala e pensei: "que bom, tanto Tejo..."
Havia ainda outra vantagem, a pé, estava a dez, doze minutos do cais de Cacilhas, com a travessia do Rio, a vinte de Lisboa. E por aqui fiquei, há já trinta e três anos...
As palavras são assim, queria falar de um livro e de um amigo e onde já vou (e até me devo estar a repetir, mas isso é o que menos interessa)...
Pois, queria dizer eu de que... meses depois, andava eu a "vagabundear" no interior da Barateira - a mais espaçosa loja de livros usados que conheci -, quando descobri os "Desportistas Almadenses" (primeiro volume), uma obra que me chamou logo atenção, porque o desporto sempre fizera parte da minha vida, e na época, também profissionalmente.
Longe estava eu de pensar que seis anos depois, entrevistaria o autor da obra (para o "Record"), e ganharia um amigo, dos melhores que conheci pela vida fora: Henrique Mota, que fará em Setembro cem anos.
Por hoje ser o Dia do Livro, não posso esquecer que, depois de crescido, foram os jornais e os livros que me ofereceram mais amigos pela vida fora...
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