O assassinato de Daphne Caruana Galiza, jornalista e "blogguer" (Running Commentary) maltesa, dá muito que pensar.
Daphne tinha 53 anos e era jornalista de investigação. Gostava especialmente de denunciar práticas corruptas e era a principal responsável pelo "Panama Papers" em Malta, deixando muita gente desonesta em alvoroço no seu país, inclusive governantes. Foi por isso que lhe colocaram uma bomba no carro, que a vitimou, na tarde de 16 de Outubro...
Quinze dias antes de ser assassinada, Daphne tinha apresentado queixas na polícia por estar a ser vítima de ameaças de morte.
Não há muito mais a dizer. Uma tragédia desta dimensão, além de chocar, dá sempre que pensar...
Embora eu faça jornalismo e também seja "blogguer", faço essencialmente investigação histórica. Os blogues são sobretudo uma forma de "matar o vicio da escrita". Mas mesmo assim de vez enquanto incomodo algumas pessoas, mais por não "saberem ler" (ou seja, conseguem ler coisas que eu não "escrevo"...).
Sem que os meus blogues sejam "políticos", já tive alguns dissabores. O maior de todos foi a recusa de um político local (o Presidente da Assembleia Municipal até às últimas eleições...), em sentar-se na mesma mesa que eu, num lançamento de um livro que escrevi sobre a história de uma Colectividade de Almada, alegamente por coisas que eu tinha escrito na "blogosfera", que o ofendiam...
Uma das coisas que o ofenderam foi esta frase: "Mesmo que se mude para pior, é importante mudar."
E agora as coisas mudaram mesmo em Almada, 41 anos depois de a mesma força política (o PCP, com as siglas FEPU, APU e CDU) ter ocupado o poder. E mudaram num ano em que até apoiei o ainda Presidente do Município, Joaquim Judas, do PCP, que considero competente, honesto e boa gente.
O que eu não posso é ter dois pensamentos diferentes, um para o país e outro para Almada. Sempre fui contra as maiorias (Cavaco e Sócrates chegam como exemplos...), por acreditar que os consensos são sempre mais úteis para todos nós (como tem acontecido com a "gerigonça", que tanta comichão faz à direita...), que os comportamentos autocráticos. Da mesma maneira que sempre fui contra a perpetuação no poder. Acredito convictamente que as mudanças (mesmo que sejam para pior...) fazem bem à democracia.
(Fotografia de autor desconhecido)
1 comentário:
Caro Luís Milheiro
Há quem se diga democrata só por oportunismo de conveniência pessoal e porque não o é realmente o seu verniz estala com muita facilidade.
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