A parte que considero mais desagradável das mudanças políticas dos governos (locais e nacionais), são as exonerações, que muitas vezes não passam de saneamentos políticos. Se algumas são necessárias e outras razoáveis, há muitas completamente injustas.
Normalmente os visados são colocados em lugares pouco compatíveis com a sua experiência e competência. Em alguns casos há mesmo a tentativa de "humilhar" e de "destruir", todo um passado construído com anos de dedicação e conhecimento, colocando-os nas chamadas "prateleiras".
Ferreira Fernandes numa das suas crónicas do "DN" (29 de Dezembro de 2010) explica o fenómeno:
«Um profissional faz carreira, chega a um patamar e um dia sabe que já não o querem mais ali. Seja porque ele atingiu o seu patamar de Peter (não exerce bem o cargo) ou porque é vítima de injustiça - não interessa o facto e que quem de direito o quer demitir. O normal seria mandarem-no para cargo compatível com o que ele sabe fazer ou despedirem-no. Em Portugal há uma terceira via: a prateleira. A empresa ou a repartição poupa um pouco nos gastos, mas fica também com um peso absolutamente morto. O ex-chefe de qualquer coisa passa a ser o mais inútil dos empregados, não faz nada. Nem de conta. É o pegar de cernelha aplicado aos nossos recursos humanos.»
Se por um lado, compreendo perfeitamente as mudanças em lugares de chefia e de confiança política, já não percebo muito bem, outras, a nível intermédio. Mesmo sabendo que existem algumas pessoas capazes de "causar mais danos" com as suas "sindicâncias" e proliferação de boatos, no seio dos trabalhadores, que muitos chefes competentes e com brio profissional...
E há outros exemplos que não deixam qualquer dúvida, pelo menos na minha cabeça. Quando um funcionário municipal, que é também deputado, vai para as assembleias insultar a presidente da Câmara ou os vereadores, com meias verdade e meias mentiras, não tem condições para exercer qualquer cargo de responsabilidade no Município...
(Fotografia de Luís Eme)
1 comentário:
Na minha modesta opinião isso acontece quando um deputado entende que foi eleito pelo partido para defender interesses partidários e não percebe ou não consegue perceber que na verdade ele foi eleito pelos eleitores para defender a causa pública e os legítimos e naturais interesses das populações e do povo. Isto nem todos percebem. Daí haver quem não entenda o que é promiscuidade em política e onde ela existe.
É uma consequência desta original e desvirtuada democracia portuguesa que ainda vive sob a ameaça do fascismo, bandeira política de alguns, explorada por uns quantos, junto dos mais frágeis e carentes para captar apoiantes. Não vêem que a verdadeira democracia não é isso.
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