sexta-feira, fevereiro 12, 2016

As Gentes da Minha Terra (5)

Às vezes penso que o Orlando exagera um pouco na modéstia, na sua mania quase doentia de que não é escritor nem é poeta. Mas vá lá, nesta última parte, ainda nos concede que lhe chamemos "poeta popular" (para ele deve ser um poeta mais pequenino...). Outras penso que ele exagera muito.
Falo de Orlando Laranjeiro, uma das grandes figuras do Movimento Associativo Almadense, que me podia fazer escrever sobre tanta coisa. Mas até eu fico com algum receio de escrever sobre este Homem que é tanta coisa e não quer ser nada...
No campo social o Orlando é um homem de afectos, que nunca teve o pudor em utilizar a palavra amor no seio da família e dos amigos. Mas é também um homem solidário, cujo ideário político faz com que seja ainda mais exigente consigo próprio, e com os outros, na defesa intransigente que faz da justiça social e da dignidade humana.
No campo associativo é o "pai e a mãe" de muitos projectos (desenvolvidos sobretudo na Incrível Almadense, embora tenha feito um trabalho notável no seu Almada...), que ainda são recordados por tanta gente de boa memória, dos quais o espectáculo "Almada Antes e Depois de Abril", acaba por merecer um destaque especial, pelo seu conteúdo histórico-cultural.
Mas o que eu quero falar é do escritor (e logo aquilo que ele não quer ser, escritor...),  que conseguiu meter pelo menos três livros num só no seu desabafo literário, "Deixem-se Ser Quem Sou!" (são 376 páginas em letra pequena para não se aproximar muito das quinhentas...) donde se poderia extrair com facilidade um livro de memórias do Associativismo (o mais importante...), um livro de poemas e também um livro com biografias...
Mesmo que o Orlando não queira, o escritor e o poeta (cuja musicalidade dos seus poemas faz com que quase todos possam ser cantados...) vão sobreviver-lhe. Porque ninguém pode fugir do seu destino. E ele como amante do fado, sabe que é verdade...

(Fotografia de Luís Eme)

1 comentário:

Graça Pires disse...

Gostei de conhecer o Orlando. Obrigada, Luís.
Um abraço.